A CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES FEMININAS NEGRAS E PERIFÉRICAS NOS POEMAS DE DINHA
Palavras-chave:
Identidade, Sociedade, Literatura marginal periférica, Mulheres NegrasResumo
O presente artigo analisa a relação literatura-sociedade na construção das imagens e estereótipos femininos no contexto brasileiro e, também, o papel da produção lírica de literatura marginal periférica. Para isso, foi selecionado um corpus composto pelos textos Poema Pouco Poema e Zero a Zero da escritora Dinha, a qual nasceu no Ceará em 1978 e reside em São Paulo desde 1979. A escolha da autora se dá pela sua importância não só no cenário da literatura marginal periférica, mas também por sua trajetória e atuação política por meio da arte. Tendo isso em vista, o estudo considerou tanto dados bibliográficos sobre literatura de autoria feminina e teorias feministas quanto a obra literária, com o intuito de verificar como se dá a construção da identidade da mulher negra e periférica nas obras da autora. Tal metodologia não atrela obra e biografia, mas não descarta pontos de contato entre ambas e o trabalho de efabular da Literatura. A partir desse percurso interpretativo, foi possível verificar que ao negar a concepção branca e
elitista de uma feminilidade frágil e passiva, Dinha expõe outras facetas do que é o ser mulher. Assim, por meio de diálogos com outras escritoras negras e produções que ultrapassam a esfera da literatura, a autora utiliza da oralidade para tratar das questões coletivas que assombram as mulheres negras e a população periférica.